domingo, 11 de outubro de 2009

PIRARUCU GANHA O MUNDO

Foi amor a primeira vista. Quando Armen Petrosian, dono de uma das mais renomadas lojas de caviar em Paris e também de restaurantes especializados no produto, viu o pirarucu em uma feira de alimentos em Bruxelas, ele se apaixonou, segundo suas próprias palavras. Misturado a vários outros peixes no estande, o pirarucu atraiu sua atenção e atiçou sua curiosidade. “Ninguém sabia me explicar direito o que era”, lembra. E, encantado, Petrossian decidiu descobrir mais sobre o estranho animal com ares pré-históricos, que pode atingir dois metros de comprimento e pesar 200 quilos.

Petrossian deixou seu restaurante e decidiu ir ao encontro deste peixe carnívoro da bacia amazônica, um dos maiores de água doce do mundo. O especialista em caviar percorreu o rio Amazonas, visitou o mercado Ver-o-Peso, em Belém, e descobriu algo que o surpreendeu: o pirarucu que ele considera tão nobre e saboroso, pela consistência firme de sua carne, é, em sua avaliação, desprezado pelos brasileiros. “O pirarucu é vendido como uma espécie de rocambole, a carne é salgada e seca ao sol, parece borracha e tem um gosto muito forte, diz.

Em outras palavras, Petrossian achou horrível a versão de “bacalhau brasileiro”, como o peixe costuma ser chamado, e se incumbiu de uma de uma missão: restituir ao peixe sua nobreza e torná-lo uma iguaria. Assim o pirarucu passou a integrar de forma permanente o cardápio de seu restaurante parisiense, o Le 144, onde é servido em diferentes versões. As receitas variam de acordo como os ingredientes da estação, incluindo a já tradicional versão com caviar. Mais sofisticado impossível – apenas a latinha de 30 gramas das famosas ovas de esturjão custa 150 euros, em média. Por razões fonéticas e pela dificuldade para os franceses pronunciarem a palavra pirarucu, o peixe é chamado pelo seu nome científico no cardápio: arapaima. À mesa, os europeus e americanos que freqüentam o restaurante nem imaginam que existam os tais rolos amontoados de peixe seco e salgado. O que se vê nos pratos são receitas preparadas com arte que enchem os olhos e o paladar. “O pirarucu dá asas à imaginação do cozinheiro”, afirma Petrossian.

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